domingo, 10 de janeiro de 2010

Tentar sim, errar quando necessário , nunca desistir

Quando escrevi esse discurso, tinha a intenção de não dar muitos conselhos, pois diz o conhecimento popular, que conselho só se dá a quem pede, aliás, o genial Albert Einstein falou: "Não me agrada aconselhar porque, em todos os casos, se trata de uma responsabilidade desnecessária."
Mas, se vocês me convidaram para patrono, acredito que me deram licença para falar, portanto, apesar da minha pouca idade e autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, meus e de alguns pensadores que marcaram presença na história da sociedade humana.
Não conduzam suas vidas apenas na direção do dinheiro. Amem seus trabalhos com todo o coração e sempre tentem fazer o melhor. O dinheiro é conseqüência do trabalho bem feito e da vontade de mudar o mundo. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro, Leônidas e seu exército não enfrentaram 20.000 Persas por dinheiro, Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro, e, geralmente, os que só pensam nele não o ganham porque são incapazes de sonhar.
Tudo que se faz na vida é matéria prima produzida e beneficiada pelo espírito humano.
Pensem na coletividade, no bairro onde moram, cidade onde vivem, no país do qual fazem parte, no nosso mundo. Principalmente hoje, temos que entender que pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si, afinal, nós brasileiros sabemos muito bem como é difícil viver numa nação onde a maioria morre por ser pobre e a minoria sobrevive constrangida e aprisionada pelo medo.
Tentem, errem, acertem, as derrotas, tanto quanto as vitórias, nos permitem aprender e melhorar.É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio.
Ficam na história aqueles que tentaram, embora tenham errado, mas são esquecidos todos que tiveram medo de tentar. Hollywood adora fazer filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso, mas nunca se deu o trabalho de narrar o ócio, a acomodação, o remanso.
Não desanimem nunca, mesmo que tudo pareça estar dando errado continuem lutando, pois como escreveu Bertold Brecht,"Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos, e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida, esses são os imprescindíveis”. Portando sejam imprescindíveis em tudo aquilo que se propuserem a fazer.
Não percam a extraordinária oportunidade de viver, desenhem seus próprios caminhos, tenham suas próprias opiniões.
Assim como está escrito na Bíblia, sejam quentes ou sejam frios, não sejam mornos pois do contrário serão vomitados.
Nunca culpem os outros por terem tirado a sua vez de falar ou fazer, pois somente vocês podem abrir as trilhas que guiarão suas vidas.
Pensem, questionem, exercitem sua consciência. Acreditem que cada homem foi feito para fazer sua própria história e que todo homem é por si só um grande milagre da vida, capaz de promover grandes revoluções.
Nós somos mais do que sexo, dinheiro e carros novos. Somos capazes de construir bombas destruidoras, de produzir alimentos no deserto e escrever poemas apaixonantes. Já descobrimos continentes e novas galáxias, e caminhamos sobre o mundo como gigantes, carregando um saco de dúvidas em uma das mãos e uma caixa de possibilidades na outra.
Não precisamos trabalhar naquilo que não gostamos, só para comprar coisas que não precisamos. Mas temos a obrigação de produzir novas idéias para um mundo melhor e sobre tudo coloca-las em prática como a mesma paixão com a qual preservamos nossas próprias vidas.
Para encerrar, gostaria de ler para todos algumas palavras escritas por Luiz Fernando Veríssimo e arrematar com algumas palavras apoiadas por uma breve e profunda frase de Charles Chaplim.
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do "Bom dia", quase que sussurrado. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam sempre nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Por mais que os dias pareçam desanimadores, sorriam sempre, pois como falou Charles Chaplin."Cada dia que passa sem um riso é um dia perdido."

Este texto tem como base um discurso de formatura que tive o prazer de ler em 2003.

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